FAZER CERVEJA É O MAIS FÁCIL!

CUIDADO PARA A CERVEJA NÃO SER UM PROBLEMA!


Em setembro o consultor Vicente Falconi, Revista Exame, respondeu uma questão muito importante para empreendedores do mercado emergente das cervejas artesanais.
Observo que os empreendedores não tem escutado todas as vozes que alertam para a melhor atuação e sobrevivência de seus investimentos. Tenho realizado algumas consultorias onde o empresário (não só de cervejaria, qualquer negócio com cervejas) demonstra "saber de tudo" e com pouca motivação para efetuar mudanças e tem a crença de que tudo vai dar certo se houver muita paixão pelo que se faz. Não é bem assim. Algumas portas já estão fechando pela falta de profissionalismo. Fazer cerveja é o mais fácil. Gostar delas então nem se fala. 

Para eu não ser sempre a mesma voz irritante zumbindo nos ouvidos dos apaixonados leiam a resposta para uma cervejaria artesanal. 

 - Meu irmão e eu fundamos uma cervejaria artesanal motivados pela obsessão de fazer a melhor bebida. Agora queremos crescer. Para isso, quais indicadores e metas devemos considerar? -  
Horácio Antunes, de São Paulo
Saber fazer um bom produto — no seu caso, cerveja — é muito importante, mas só isso não garante o sucesso de uma organização. Criar uma companhia bem-sucedida demanda também gerenciar relacionamentos. Não depende simplesmente de acertar uma fórmula, e sim de administrar continuamente as expectativas de quem se relaciona com a empresa.
Além de um produto de qualidade, boa gestão e boas pessoas devem acompanhar sua jornada. Use o ponto de vista de cada um dos públicos de interesse da companhia para criar indicadores e metas de desempenho que fazem sentido na prática. Todo negócio tem quatro tipos de stakeholder, como são chamadas as pessoas afetadas por ele.

Primeiro, há os clientes — razão de ser de qualquer companhia. Existem muitos indicadores importantes para monitorar a satisfação de seu público consumidor, e a importância de cada um deles varia de acordo com a natureza do negócio.
Alguns exemplos são métricas para acompanhar sua capacidade de entrega dos produtos — como pontualidade, qualidade, condições físicas, volume vendido, participação de mercado e quantidade de reclamações. Outro público de interesse são os acionistas.
Nesse caso, para manter as bases de uma relação sem surpresas nem sobressaltos, minha primeira recomendação é fazer um controle orçamentário muito detalhado. Se ainda não tiver, organize um demonstrativo de resultados mensal e mantenha um controle rígido do fluxo de caixa livre. Muita empresa pequena se perde no controle financeiro.

Há também as pessoas que trabalham com você (3). Quando a empresa é muito pequena, o dono conhece todos os funcionários e mantém controle do clima da organização, mesmo sem medi-lo. No entanto, à medida que a companhia cresce, é preciso ter controle sobre o turnover de pessoal, como taxa de absenteísmo.
O objetivo, nesse caso, será sempre manter seu time coeso para evitar a perda de conhecimento acumulado ao longo do tempo. Uma equipe unida por um longo tempo e feliz com o que faz pode alcançar resultados imbatíveis. O quarto stakeholder é a sociedade. Nesse caso, o importante é a imagem de sua marca e a simpatia de sua empresa perante a população.
Se qualquer um desses relacionamentos desandar, o negócio será colocado em risco. É possível, no entanto, apontar um indicador mais vital: o financeiro. Quando esse aspecto sai de controle, o resto desmorona junto. Já vi centenas de empresas pequenas e médias passar por dificuldades e jamais dar um salto de tamanho por má gestão financeira.

Não se pode brincar com dinheiro. Mas, se você não quiser apenas sobreviver, e sim ter resultados excepcionais, será preciso mais do que isso. O negócio deverá atender ou exceder as expectativas de todos os públicos de interesse da companhia ao mesmo tempo.

Aqueles que escutarem terão uma maior probabilidade de sucesso. Não pensar que você sabe tudo pode ser o primeiro passo. 

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